21 de novembro de 2010

Vote! É um direito seu!

"Faz tempo que não escrevo. Mas tenho justificativa, estou (re)estudando para o vestibular (de novo?!?!). Agora para jornalismo. Estou estudando pacas mesmo. Depois de um tempo que passei sem estudar, só assistindo filmes e bebendo cerveja, fiquei com vontade de mudar geral, de novo. Tomara que eu passe. E digo mais: Tomara que, passando, não desista de novo."


Isso foi a um tempo, não sei como, ao tentar editar o texto, acabei apagando, mas voltando ao pc do meu irmão, peguei de volta o original. Escrevi o texto antes do Enem. Tinha minhas dúvidas quanto ao Enem, mas ao fazê-lo, tive uma boa surpresa.

Questões do Enem devem ser resolvidas em menos de 3 minutos em média. Mas um texto como esse, divulgado numa prova com uma abrangência nacional, pode fazer a pessoa mudar o pensamento pelo resto da vida. Ou não, né? Prefiro acreditar que sim.


Lembro muito bem que quando era criança que nunca gostei de ir à igreja. De família católica praticante, minha mãe me matriculou em um colégio católico. Toda quinta-feira havia um momento religioso, no qual os alunos assistiam à Adoração do Santíssimo Sacramento – letras maiúsculas para enfatizar a importância que aquilo tinha no colégio, e para mim mesmo, até hoje. Com o tempo, achei meio que bobo ficar toda semana repetindo maquinalmente o que havia feito na semana passada. A hora de cantar, levantar as mãos, se ajoelhar, agradecer por estar vivo, pedir para não ficar de recuperação, apostar corrido para ver quem chegava primeiro na sala de aula. Pra ser sincero, depois que fiquei maiorzinho, e percebi que as meninas não se importavam com quem chegava primeiro na sala, parei de sair correndo da igreja. Porra, era a parte mais emocionante da quinta feira. Há tarde tinha educação física.
Como tivesse parado de correr, comecei a me concentrar mais na Adoração. Pra ser sincero, foi nas manhãs quinta-feira que comecei a delinear meu pensamento sobre religião. Pois é, certa feita eu estava, como de costume, mais ou menos na sétima série, na igrejinha do colégio, de joelhos, mãos pro alto, e cantando junto com o coro ‘eu te amo’ para um ostensório, e de repente eu me perguntei: O que estou fazendo? Daí em diante comecei a me perguntar o porquê de ter que ir à adoração. Não me sentia mais à vontade naquela situação. E resolvi que era melhor não ir mais.

Certo dia fiquei no pátio esperando a hora de ir à aula quando o zelador me perguntou por que eu não estava na igreja. Hum-hum... quero ir não. Mandou-me ir à direção. O coordenador disse então que se não fosse imediatamente para a igreja eu seria suspenso. Mas eu não acredito nisso, essa coisa de igreja e religião... eu não concordo não... era melhor eu estar na sala de aula, ou lendo um livro, que é melhor que ficar de joelhos. E como assim eu era obrigado a ir à igreja, se nem crente mais eu era? Como um cara que não se identifica com aquilo poderia ser obrigado a ir comparecer aquilo? O coordenador colocou então os argumentos na mesa: Certo, você não é obrigado a ir para a adoração, mas se não for será suspenso. Passei a não freqüentar as aulas de religião quando a professora disse que Darwin estava errado porque deus não é macaco e se a teoria fosse certa, haveria macaco se transformando em homem e homem se transformando em macaco até hoje. Pra ser sincero, eu ficava muito puto. Aquilo não era, nem de longe, educação religiosa. Dizia eu, educação não pode ser confundida com doutrinação. Diziam, se tu Filipe, se não concorda, por que está nesse colégio? Depois de muito pedir meus pais para sair, e depois de vários anos de ocorrências e duas suspenções, uma quase expulsão, saí do colégio.
Você, leitor, acha isso justo? Ser obrigado a seguir um culto que não se identifica? E ser obrigado a isso?

Me excedo em todo texto que começo. O que era para ser a introdução virou uma confissão verborrágica, lamento, prometo ir logo ao assunto. Diziam que era direito meu não seguir nenhuma religião. Mas eu seria suspenso se não fosse à igreja. Meio contraditório, não? Um direito que só permite um via de escolha: a que é imposta.

Sempre me lembro da história de ser obrigado a ir ou não à igreja quando se aproximam esses períodos de eleição.


Eu perguntava, por que sou obrigado a acreditar nesse deus?
Até os 10 anos, a resposta era simples: Porque senão você não vai pro céu. Depois dos 10, por que você será suspenso.

Você pode se perguntar, por que sou obrigado a votar?
A resposta a esse questionamento parece simples: todos temos a obrigação de votar, porque a lei (CF/88, art. 14, § 1º.) exige e pune quem a descumprir. Então a questão deveria ser reformulada: por que fazer leis me obrigando a votar?

De antemão, devemos lembrar que a Constituição Federal foi elaborada por políticos (deputados e senadores), através da Assembléia Nacional Constituinte. Portanto, foram eles que imprimiram na Carta Maior a imposição do voto.

Aqui o link da parte de legislação no tocante ao processo eleitoral se você quiser lê-lo na íntegra:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4737compilado.htm

Interessante que, mesmo a constituição vigente sendo a de 1988, o código eleitoral baseia-se no 5° Código Eleitoal Brasileiro, datado de 15 de julho de 1965 (o que o Brasil vivia nessa época mesmo, hein?), com algumas modificações feitas com o passar do tempo.
Se você lê-lo, poderá perceber , na primeira parte, do que trata dos eleitores, há mais artigos falando da punição para quem não vota, do que propriamente do processo eleitoral que a pessoa passa.
Ou seja, votar é um direito seu, e você, como cidadão, é amparado por uma lei que protege o seu direito ao voto. Ou seja:


Art. 2º Todo poder emana do povo e será exercido em seu nome, por mandatários escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos nacionais.

Art. 3º Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, respeitadas as condições constitucionais e legais de elegibilidade e incompatibilidade.


Beleza. Assim, do jeito que tá, a lei é linda (liberdade, igualdade e fraternidade: Já podemos tomar a Bastilha!). Logo adiante, porém:


Art. 7º O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até 30 (trinta) dias após a realização da eleição, incorrerá na multa de 3 (três) a 10 (dez) por cento sobre o salário-mínimo da região, imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 367. (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)

§ 1º Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se justificou devidamente, não poderá o eleitor:

I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles;

II - receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, autárquico ou para estatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público delegado, correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição;

III - participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;

IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com essas entidades celebrar contratos;

V - obter passaporte ou carteira de identidade;

VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;

VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.

Engraçado. Falta só uma lei dizendo: se não concorda com o que está na constituição, então por que mora nesse país?

Mandando a real, pra mim, esse é só mais um exemplo de legislação em causa própria. Os Constituintes chegaram lá, e como o povo estava do lado de fora do congresso, escreveram uns parágrafos que obrigaria o povo a votar em algum deles. Eles sabiam que em algum momento a onda de democratização iria passar e todo aquele lance de “a primeira votação direta em mais de 15 anos” não duraria para sempre.

Algo meio parecido com que deus do meu colégio, quando criou a humanidade, e dar a ela o livre-arbítrio, pensou: Antes de dar livre-arbítrio a eles, é melhor dizer que, se não me colocarem acima de todas as coisas, eles vão para o inferno.

Então, ele disse que nos amava muito e por isso nos outorgou a primeira constituição. Com 10 artigos. Nada muito arrojado. Com o tempo, surgiram as primeiras faculdades de Direito, onde a humanidade aprendeu a achar brechas na lei. "E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gênesis 6) e decidiu eliminar a população provocando uma grande catástrofe. A grande catástrofe nasceu sobre o nome de Francisco Campos, ou Chico Ciência, jurista especializado em dar roupagem legal para medidas abusivas. É dele a autoria da Polaca de 1937 e dos Atos Institucionais de 1964 e 1965.

A única lei que devia valer, seria, pra mim, essa :
Art 1o - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei
Art 2o - Revogam-se as disposições em contrário.
Esse papo de religião vai merecer um post só pra ele, e dos grandes, mas não agora

No congresso constituinte, os caras, vendo que se o voto não fosse obrigatório, haveria um número ínfimo de eleitores voluntários, perceberam que seria uma roubada não penalizar os não-votantes.
Aqui, na lei, e principalmente na propaganda estatal, o bom cidadão investiga o passado do candidato e estuda bem as propostas do cara. E o cara candidato também é cheio de boas intenções. Passado limpo e adora criancinhas.
Na real, isso de dar satisfação dá muito trabalho. "Vamos obrigar eles a votar e na hora a gente arruma um jeito deles votar na gente". Assim pensa um candidato, quebrando as pernas da frágil democracia brasileira e assassinando a gramática normativa portuguesa. Ai, ai.

Um dia desses, estava assistindo uma sabatina com um candidato ao governo aqui do estado.
Eis a pergunta do jornalista:

- Candidato, é notório que em época de eleição, as forças de segurança rodoviárias deixam de distribuir multas. As polícias de trânsito passam então a fazer somente blitz educativas. Não multam nem apreendem veículos irregulares até o dia da eleição. O senhor não acha isso estranho?
- Caro jornalista, o atual governo tem deixado a questão da segurança pública muito a dever. Gastou muito comprando carros e a violência só aumentando. A questão da segurança pública será uma máxima no meu governo, vou pavimentar todas as estradas estaduais e aumentar o salário dos policiais, pois quem faz a polícia é o policial, um ser humano, e o ser humano, no meu governo, será levado a sério.
-Candidato, o senhor entendeu minha pergunta?

Deu pra sacar?

Dessa maneira, para não dizer que os políticos cercaram tudo pelos quatro lados, deixaram passar a opção de votar em branco. Ah, Filipe, então tudo o que você está falando não tem sentido, eu posso votar em branco. (É, pode até ser que eu só fale merda - ainda bem que meus amigos me escutam. Ou não). Acontece que, não sei de onde saiu isso, a opção de votar em branco, aqui no Brasil é identificada como a possibilidade de estar jogando o voto fora. Por que depreciar tanto uma das alternativas de voto? Na propaganda eleitoral, a opção Branco é seguida de uma imagem de uma lixeira. Porra, se isso é uma democracia, como pode um veículo governamental denegrir tanto assim uma alternativa que, teoricamente, ele mesmo criou? Estranho isso.

Eu vou votar, tenho meus candidatos. Na real, eu me considero um cara com um nível razoável de politização – não vou ser hipócrita a ponto de dizer que não sei de nada, não amo as criancinhas. Me considero um cara que vai votar é com gosto mesmo, por afinidade ideológica. Aliás, me estranha muito uma pessoa me perguntar por que eu voto nos meus candidatos mesmo sabendo que eles não tem possibilidade de ganhar. De onde surgiu a idéia que só é bacana votar em quem está melhor nas pesquisas? Muito estranho. Enfim, mesmo sendo o voto obrigatório, vou votar.
Um dia desses, um amigo meu estava muito puto por que foi designado a ser mesário. Mal sabe ele que se eu pudesse, eu mesmo seria mesário. Eu acho cabana, ora porra. Eu quero saber de onde veio a idéia que participar da eleição é uma coisa de otário.

Gosto de horário político, sério mesmo.

O que acho foda é que existem pessoas que acham um saco votar e ter que fazer parte do processo. Não acho foda a pessoa. O que acho foda é ela ser obrigada a ter que ir contra a vontade dela. Isso é democracia? Então é muito justificável, portanto, a pessoa que se sentiu prejudicada pelo Estado, chegar à urna e votar em ex-humoristas, ex-jogadores e ex-garotas de programa só como revide, só pra fazer o mal, só pela putaria. Ela não está errada. Como não tem outra forma de lutar contra um sistema que a oprime, faz o que estiver à mão. Fazer o quê? Mas o Sistema ganha com isso também, porque essa galera é eleita e avilta (avacalha, mesmo) o congresso, faz no fundo é o eleitor desinteressado ficar mais indiferente ainda, não achando motivos para se interessar por política.

Brasil, infelizmente, ainda é um país condenado à esperança.

Como diria Lampião, momentos antes de ser assassinado:
-Não adianta, o sertão vai continuar o mesmo.

Escrevi demais. Porra. Será que alguém lerá todo? Se bem que acho que passei legal a idéia.

17 de agosto de 2010

Tava pensando aqui: E se a gente fosse pegar um filme hoje?

Bem, depois de todo esse tempo tentando escrever coisas interessantes, percebi que teria que esvaziar minha lixeira. Vai aqui um assunto que pode ter utilidade (ou não).


Faz tempo que não piso na escola, não com muita freqüência. Deve ser pelo fato de agora os professores só falarem em Enem, e redação argumentativa, e mais questões Enem, e Habilidades, e Enem de novo. Cadê aquelas questões fodonas de física que envolviam dois ou três assuntos, ou aquelas sacadas em história, que o professor falava das curiosidades, ou do modo de vida das pessoas daquele tempo, com assuntos que não costumam vir nos livros? O que já era maquinal, ficou mais maquinal ainda, ler jornal pra fazer redação sobre algum tema de destaque, saber só que um corpo em movimento costuma continuar em movimento, ou que a importância dos romanos se resume ao Direito. Putz. Meu projeto agora é estudar toda a História do Brasil, mas sem nenhum objetivo que se diga do tipo construtivo, vou estudar só porque acho que é importante saber como o Brasil andou. Pode soar meio utópico e sem sentido, mas considero mais sincero e menos filho da puta do que dizer porque vai cair no vestibular. Nunca me dei muito bem com aquelas coisas que as pessoas precisam fazer para serem consideradas uma boa pessoa. Do tipo se vestir bem, para parecer responsável, afim de conseguir no futuro um emprego. Ou ser educado, para ser bem visto. Eu, particularmente, gosto de ser gentil com a maioria das pessoas, porque sei que isso é algo que é intrínseco a mim. O que eu acho foda é quando alguém se usa disso para ser bem visto, e se passar por alguém que é legal e ama as criancinhas. Ou quando uma pessoa insiste em ser humilde. Tão humilde que pensa que existe uma competição para saber quem é mais humilde. Estudar pra mim deveria ser diversão, como aquelas coisas que a gente vê que gosta de ler e vai lendo e no final termina de ler um livro de 400 páginas. Mas não aquelas coisas de ler porque vai cair no vestibular ou porque melhora a capacidade de fazer redação ou de melhor se expressar. Essas coisas de ter que fazer algo porque trará algo de bom, com segundas intenções é pura sacanagem pra mim. Se estou usando de algo para meu proveito, quando de modo bem explícito, de certa forma estou sendo muito sacana. Digo de modo bem explícito, porque não há como fugir do fato que gosto do que me convém. Ou a você mesmo. O que acho foda é usar um livro, um filme, uma camisa, uma palavra culta, uma frase famosa, do mesmo jeito que dorme com uma prostituta, usando-se dela com o objetivo de gozar, sem ao menos nem perguntar o nome da moça. Não sei se estou conseguindo me expressar. Tipo, quando uma pessoa me convida para assistir um filme ‘Cult’ sinto logo um frio na espinha. Porque geralmente um filme recebe esse epíteto quando tem um roteiro original e quando tem alguma mensagem embutida, ou quando a pessoa quer passar na cara da outra que assistiu a aquele filme israelense que mais ninguém conhece, mas que foi escolhido um dos melhores da história. Aí é o fim da picada. Mas acontece.

Acontece, como acontece o fato que realmente eu vim aqui para dar dicas de filmes (putz). Mas acho que tenho o direito de fazer isso sem ter o peso na consciência de indicar um filme sem ser um filho da puta (ou não). Falo isso porque tenho tentado me desligar dessas coisas de se fazer por obrigação, como um filme que se assiste para abrir a mente para fazer redação no Enem, que é um exemplo mais imediato, ou para alguém dizer que tem mais cultura que outras pessoas, ou ir à escola para tentar ser alguém na vida. Tomara que vocês me entendam. Se não, lembrei agora dum dia que uma amiga minha, que até então me achava um cara muito maduro para quem tem 20 anos, disse que o ex dela era o tipo do cara que só consegue gostar de outra pessoa se estiver loucamente apaixonado, um idiota, ela disse. Eu respondi, é foda... eu também sou assim. Concorda comigo? Não, sou um desses caras que só consegue gostar se estiver loucamente apaixonado. Um silêncio e um olhar muito esquisito ela lançou pra mim. Enfim, acontece.

Desde que achei uma locadora lá do lado do Cefet, a Cinéfilo, tenho ficado seguidas madrugadas acordado assistindo os filmes. É melhor assistir na madrugada. Melhor seria assistir no cinema, mas na falta, a madrugada resolve: Não tem ninguém passando na frente, pedindo pra retroceder o filme ou dizendo que está cansado e vai dormir - isso depois de eu ter começado o filme de novo. Para começar, achei, faz algum tempo um blog muito bacana que posta links de filmes para se baixar por torrent, o Vagalume Rosa:

O achei por acaso, quanto tentava achar o Encouraçado Potemkin, depois de ler um cara falando muito bem desse filme. Foi uma maravilha. Um site que tem uma porrada de filme, facílima navegação, visual bem simples e atrante, com uma sinopse, as vezes um comentário, um link de torrent, que considero muito mais seguro. Se ouço falar sobre algum filme, antes de alugar, ou baixar, consulto o Blog. Na aba Todos os Filmes, há a lista completa de filmes do blog, por ordem alfabética, num total de 1628 filmes (18 de agosto). Há desde a trilogia do Poderoso Chefão, passando por Curtindo a Vida Adoitado, O Vento Levou, Amélie Poulain, até os clássicos da Sessão da Tarde. Mas o que achei de mais sagaz era uma Nota no IMDB.

Vasculhei na net e vi que vem do inglês Internet Movie DataBase, uma espécie de Wikipédia para filmes. Com um banco de dados bem detalhado, traz fichas completas de atores, atrizes, diretores, roteiristas e demais profissionais envolvidos na produção cinematográfica. Traz também sinopses completas dos filmes e seriados, com a lista completa dos protagonistas aos figurantes. Wikipédia não no sentido pejorativo da palavra, claro, mas é porque para cada filme, o usuário (registro grátis) pode dar sua nota para o filme, desde 1 (péssimo) até 10 (ótimo), aí com uma porrada de votos, os donos do site fazem tipo uma média aritmética e tiram a nota geral do filme. Para se ter uma idéia, O Poderoso Chefão tem, até agora, 405 625 votos, contabilizando uma nota 9.1, filme mais fodástico que assisti, segundo o site, é o segundo melhor filme da história, perde apenas para Um Sonho de Liberdade, que ainda não assisti, tem a mesma nota, mas ganha por ter mais votos 511 384. E então, com tanto filme, tanta gente voltando, há obviamente, uma lista, uma lista que uso constantemente, pois penso em assistir todos os 250 mais bem votados.

Um dia desses, fui à Cinéfilo pegar um filme e acheio Mr. Smith Goes to Washington, bem adequado a esse período de política. Uma sárita política. De 1939, preto-e-branco, muito foda o filme. Depois fui pesquisar e soube que o filme causou um enorme furor na mídia estadunidense na época de seu lançamento pelo fato de mostrar a corrupção do governo dos Estados Unidos de forma tão cotidiana, o que levou alguns a chamá-lo de antiamericano. Foi banido na Alemanha Nazista e que na Itália fascista, Espanha franquista e Portugal salazarista, o filme foi dublado de maneira incorreta pela censura. Filme foda, que valeu a 113° posição no Top 250. Filme passaria despercebido por mim se não o tivesse visto na listinha. Agradecimentos, aliás, ao Tiago, ele que viu o filme, que estava na parte mais inferior da estante.

Bem, tá dado o recado aí.

Todavia (usava muito essa palavra na Redação), você pode até pensar, putz, o Filipe falou mal dos caras que indicam filmes e talz e vem e indica filmes de forma pior, colocando tudo numa lista, com notas, falta só dizer que eles são Cults e que o filme israelense ele vai assistir semana que vem pra passar na cara de alguém. Não é a minha intenção tentar me usar desses filmes para me masturbar ou sistematizar tudo loucamente como fez Lineu com a Biologia, deixando essa linda ciência às vezes chata e sem sentido. Achei muito bacana quem fez o Vagalume Rosa e a sacada da nota IMDB. Esses últimos meses estão sendo muito produtivos, como há muito tempo não era, mesmo deixando de freqüentar o cursinho, as madrugadas que eu perdi assistindo esses filmes me valeram bons sorrisos e motivos para desenferrujar o cérebro, além das boas conversas lá no Pitombeira com o Jônatas, como um bom espetinho de coração, ou com o Tiago, andando pela Praia de Iracema. Aí eu pensei que poderia agradar alguém também, alguém que estivesse querendo assistir um filme bacana e tava sem ideia qual escolher. Ou pode ainda pensar, sempre tem um filme que é esquecido. Muito difícil de acontecer. Eu, até agora, não vi nenhum filme que não tenha nota no IMDB.

E mais, levando mesmo em conta que estamos em período eleitoral, e a propaganda partidária começando hoje, vale a pena dar uma olhada uma entrevista que o Collor deu ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no ano de 1989, antes de ganhar a eleição. Vale a pena dar uma estudada no governo dele e depois assistir à entrevista. Uma coisa que muito provavelmente não cairá em nenhum vestibular e nem lhe fará ficar mais bonito ou inteligente. Estou me dispersando.

Sei lá o que esses candidatos de 2010 tem mesmo na cabeça. Porque se perceber bem, nas propagandas políticas, tirando as partes feitas para o eleitor chorar, a propaganda não faz nenhum sentido.

Fica a dica.



9 de agosto de 2010

Rotina



Eu não sou Sherlock, mas às vezes um movimento ou olhar pode revelar muito, mais do que uma biografia não autorizada. Foi assim quando vi o velho.

Não precisei olhar duas vezes para ver que aquele velho cabisbaixo já caminhava a tanto tempo que esquecera aonde ia. Seus joelhos tremiam a cada passo. Seus cabelos ralos poderiam contar muitas histórias, a maioria tão banal. Mas e daí? Sempre existem aquelas que valem um conto.

Num instante, ele pára.

Continuo observando o velho , vejo agora sua face. Ele parece ter acordado de um longo transe. Tem rosto de povo. Tão diferente, ou tão familiar: pedreiro, carteiro, padeiro e mais uma infinidade de eiros no mesmo rosto, ou nenhum. Suas mãos trêmulas de dedos nodosos, tateiam os bolsos à procura de um volume inexistente. Desista velho.

Ele finalmente levanta os olhos. Vira-se e olha através da rua e de seus passos.

- Algum problema senhor?

- Oh, não tenho certeza garoto – disse ainda confuso –, acho que... acho que perdi algo. Algo pelo caminho. – rouquejou desviando o olhar novamente para rua.

Segui seus olhos. Só uma coisa me veio à cabeça enquanto procurava algo pra olhar:

- É velho. Eu também.


21 de julho de 2010

Mas eu amoela!

Advertência: Não ligue muito para os erros gramaticais, afinal de contas, duvido muito que você tasca mesóclises no meio de monólogos interiores.

Por favor, ao menos um cochilo. Tenho que admitir, estou gostando Dela. Como foi possível? Surgir assim de uma hora para outra e me deixar desse jeito? Não pode! Acho que realmente gostava de mim desde muito tempo, senão não teria dito aquelas coisas daquela maneira tão clara, como se confessasse. Mas Ela mesma que falou que não era de gostar de qualquer um, e logo eu, um qualquer, tão banal, a ponto de duvidar que quisesse algo comigo justamente pela minha banalidade e por isso nem sequer cogite a hipótese de encará-la e tentar uma maior aproximação ou envolvimento. Duas horas. Tão bonita, tão parecida comigo, ta sei, isso é meio que egoísta, gostar de uma pessoa por ver algo que nos é tão particular. Sempre achei essas coisas normais, você gosta do que lhe convém, do que lhe agrada e nisso, oh!, muito apaixonado. Sei como sou, não vou conseguir dormir, estar desse jeito e tentar dormir. Parece que você se deita e todos os pensamentos que estavam diluídos pelo corpo quando estava em pé concentram-se na cabeça quando você se deita, por mais alto o travesseiro. Ficar rolando de um lado para o outro na cama tentando dormir até a cama ficar suficientemente incômoda para dormir. Só uma mulher como Ela para me deixar assim, assim mais lesado que o habitual. Como hoje, agora à pouco, na volta para casa, com a cabeça perto Dela, quase nem ouvi o Diego. Grande Diego. Mas ele também dificultou as coisas. Eu já fora-do-ar-apaixonado e ele lançando meu nome para o ar daquele jeito que só alguém que não se vê desde muito tempo lança para ver se a outra pessoa reconhece, se não reconhece então fica pelo não-lançado e a vida continua, quase não o conheci. Grande Diego, como pude quase o esquecer? Muito apaixonado. O seu jeito de conversar dos idos do nosso tempo ainda conseguia me trazer à realidade dos meus vôos idílicos como que tinha quando criança, como agora. Estava diferente. Se distanciando da mesa da lanchonete onde estava. Sentada ficou uma mulher que eu não conhecia. Não sei se posso pensar em casamento com Ela, tão livre que ela gosta de ser, onde estará Ela?, quase casado, ele mais sorridente que eu, me indicava sua companheira, que por educação nos chamou para sentar e cujo nome não mais me lembro. Falou quase que rasgadamente daqueles tempos antigos. O Rafinha lembra? Lembra daquele dia? Como não se lembra? Quase fomos expulsos! Ou o que escreveram da professora na parede? Ah sim, esse dia foi inesquecível. Todo um passado me vinha à memória, meio que forçosamente, certo, mas de maneira fluída e incrivelmente, incrivelmente sorridente. Um amigo daquele tempo havia morrido, acidente de moto. Todo mundo com a sua vida. Ah, aquele dia, eu, você, o Cássio, a Emanuela, e mais aquela menina do cabelo vermelho, a... como não me lembrei dela, lembro sim! Nossa, lembrei! O meu grande amigo Diego falou muitas coisas mais, mas na minha cabeça, só imagem, falava, mas não ouço, lembrava só da menina do cabelo vermelho, ele falava, ela casou, viajou, filhos, separou, e agora articulava palavras com a boca, mas não conseguia escutá-lo mais. Silêncio. Nos despedimos. Ele ficou, eu embora. Voltei pra casa, pensei no que disse, lembrei de novo Dela, e me esqueci de novo dela, e lembrar, e esquecer, e pensar, e deitar. Final de tarde, escondidos, lembro dela sim, em outra cena, eu e ela, cabelos vermelhos, ela-envergonhada olhando para o eu-nervoso e, ó sim, nada que supere Ela, claro, esta sim, estou apaixonado, com aquele jeito de mulher e sorriso de menina, como pôde ter me deixado assim com o que me falou e, mas naquele final de tarde, à noite quase que não conseguia dormir também, peito batendo rápido, meio sem saber o que fazer, gosto de cuspe. Cabelo Vermelho. Coisa de criança, mas como pôde me deixar assim? Tenho de admitir, estou gostando, como foi possível. Duas horas. Sono. Acho que Ela um restaurante dizer o pensar vou, sentir. Apaixonado. Vermelho. Você me ama? Eu te amo sempre. Promete? Saudade. Ela, gosto tanto. Vermelha ela, nervoso eu. Primeira, gosto tanto, apaixonado. Tempo. Adeus, se vê a gente um dia um? Ela gosto saber fazer não saber, feliz, amar, chorar, você, presente, sozinho, ama me falou coisas Ela casar mulher amar minha menina passado vermelho apaixonado cabelo mulher se perca de mim não, apaixominha casaeu vermeela poemeu amoEla eu............